Nenhum momento histórico tem sido tão complexo para as empresas como o atual. Vivemos um mundo digital, um tempo de virtualização e instantaneidade, com uma consequente dispersão de nossas realidades. A sociedade vem sendo marcada pelo encurtamento de espaços e por uma forma avassaladora de acesso à informação, rápida e massificada.
Na avalanche de acontecimentos que nos são endereçados diariamente, a reputação de uma empresa que foi construída durante anos pode ir à lona rapidamente. Estima e boa fama são facilmente abaladas pela difusão descontrolada de uma mera notícia, ainda que não provada. Enquanto a reputação de uma empresa depende de uma construção lenta, a publicização opressiva de um único episódio negativo é capaz de expor a sua solidez da noite para o dia, sentenciando-a sem defesa, muitas vezes com um mínimo direito de resposta.
O que fazer diante desse risco?
Além da construção paulatina, cautelosa e a partir de uma boa assessoria profissional no campo reputacional, a realização de boas práticas e o compromisso com a conformidade podem ser alcançados pelos chamados programas de compliance. O compliance aparece como uma ferramenta moderna e que caminha ao lado da criação e da manutenção da reputação empresarial.
“No particular, estar em conformidade é o primeiro passo para a construção e a manutenção de um sólido conceito reputacional. Para o imaginário social, é o popularmente conhecido ‘fazer a coisa certa’. “
A alta direção da empresa deposita no compromisso com as boas práticas de governança a esperança de manutenção de sua reputação, que é pautada na ética, na transparência e na retidão de sua atuação junto ao público. No particular, estar em conformidade é o primeiro passo para a construção e a manutenção de um sólido conceito reputacional.
Para o imaginário social, é o popularmente conhecido “fazer a coisa certa”. No mundo corporativo, esse fazer significa evitar situações duvidosas e exposições a riscos previsíveis. Um programa de compliance é atuar na prevenção, na fiscalização e no controle de riscos dentro da empresa.
Estar em compliance é, primeiro, mas evidentemente não só isso, fazer cumprir as normativas impostas às atividades empresariais dos setores públicos e privados. Manter sua reputação é ter ciência das regras e cumprir os procedimentos internos, adotando os devidos padrões de conduta corporativa. A busca de uma boa reputação passa, não só, mas também, pela busca por estar em compliance, e isso pode ser fundamental para encarar um episódio desafiador. A superação do paradigma de “fazer a coisa meio certa” ou com “jeitinho” contribui para a construção de um modelo de compliance no Brasil, e isso gera frutos na construção de uma cultura de reputação não só das empresas como também do nosso país.
Alexandre Wunderlich é doutor e mestre em Direito, professor universitário e sócio fundador do Alexandre Wunderlich Advogados
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