Starbucks troca de CEO para enfrentar crise da marca

Ações da rede de cafeterias sobem quase 25% com anúncio de Brian Niccol, até então à frente da Chipotole, para comandar empresa

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Lojas eram reconhecidas pela experiência excepcional que proporcionavam ao consumidor, percepção que mudou – Foto: Shutterstock

Uma decisão anunciada nesta terça-feira (13/8) vitaminou a norte-americana Starbucks em valor de mercado, depois de uma longa crise nas bolsas, queda nos resultados, pressão da Elliott, gestora ativista que recentemente comprou participação importante da empresa, e abalos em sua própria imagem. A gigante do varejo de cafeterias anunciou a troca de seu CEO para Brian Niccol, que tem uma bem-sucedida carreira no varejo e até então era CEO da rede de burritos Chipotle.

Com o anúncio, as ações da rede com sede em Seattle (EUA) subiram mais de 24,5% na Bolsa de Nova York, desenhando a sua melhor escalada intradiária desde a sua oferta inicial em 1992, segundo dados da FacSet, informou a Forbes. Na segunda-feira (12/8), as ações eram negociadas cerca de 20% abaixo do preço de agosto de 2019. Laxman Narasimhan, que estava à frente da empresa há quase um ano e meio, renunciou com efeito imediato. Sua gestão, com queda nas vendas, aumentos de preços e conflitos sindicais, era questionada por investidores.

Líder experiente, Niccol foi presidente-executivo da Taco Bell, de 2015 a 2018 ,e atua no conselho de administração no Walmart. Tem como reputação um legado de eficiência e dedicação à cultura organizacional. Durante a sua gestão na Chipotle, desde fevereiro de 2018, as receitas praticamente duplicaram, os lucros aumentaram cerca de sete vezes e o preço das ações aumentou quase 800%.

O fundador e presidente emérito da Starbucks, Howard Schultz, elogiou a decisão. Apesar de ter ele próprio escolhido Narasimhan como CEO, nos últimos meses pedia publicamente por mudanças na operação. “Sua excelência no varejo e histórico na entrega de valor aos acionistas demonstram o elemento humano necessário para liderar uma empresa orientada por cultura e valores”, afirmou sobre Niccol. “Acredito que ele é o líder de que a Starbucks precisa em um momento crucial de sua história.”

“Há muito tempo admiro a marca icônica da Starbucks, a cultura única e o compromisso de melhorar as conexões humanas em todo o mundo.

Ao embarcar nesta jornada, sinto-me energizado pelo enorme potencial para impulsionar o crescimento e melhorar ainda mais a experiência Starbucks para os nossos clientes e parceiros.”

Niccol assume a Starbucks em 9 de setembro e terá pela frente a missão de recuperar resultados e a reputação da empresa. Nos últimos meses, a rede enfrenta uma desaceleração das vendas, em parte, consequência do desencanto dos clientes com a longa espera em filas em lojas – onde antes o atendimento especial e a experiência excepcional que proporcionavam eram os seus maiores atrativos. Efeito também do que especialistas chamam de uma desvalorização da própria marca.

Nos Estados Unidos, a solução para a empresa voltar ao rumo passaria pela melhoria das operações e o aumento da eficiência das lojas, afirmam analistas. Na China, seu segundo maior mercado, no entanto, os problemas seriam maiores devido à concorrência e ao amortecimento da economia. O Brasil é um caso à parte. Por aqui, a rede era administrada pela SouthRock, que, depois de muitas dificuldades com a operação e em recuperação judicial, perdeu o direito de usar a marca. A Zamp, que já opera Burguer King e Popeyes no Brasil, ganhou o processo para adquirir bens e direitos das operações das lojas Starbucks no país, conforme nota divulgada no último dia 8.

Até o ingresso de Niccol, a diretora financeira Rachel Ruggeri assumirá interinamente o comando. Agora, fica a torcida para que a Starbucks retome a reputação de tempos melhores.


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