Manter vivo o que o manifesto de diversidade da Gol preconiza – “Com DNA brasileiro, multicultural, criativo e que valoriza as diferenças” – é a agenda do diretor-executivo de Gente e Cultura, Jean Carlo Nogueira.
Com 22 anos de trajetória na empresa, Jean defende e apoia causas sociais importantes, em linha com a cultura que contribui para a reputação da companhia. Entre elas, destaca-se o projeto Experiência na Bagagem, que abre espaço para profissionais 50+ ou aposentados fazerem parte do quadro de colaboradores: 13% dos 14 mil funcionários estão nessa faixa etária atualmente.
O Reputation Feed conversou com Jean para saber como a Gol administra o encontro geracional no ambiente corporativo, os desafios e o impacto dessa integração na cultura da organização, na percepção dos clientes, na reputação da empresa e nos resultados da companhia aérea. Ele destaca a iniciativa criada em 2017, que proporciona uma nova concepção para a convivência geracional com a abertura de vagas para profissionais mais velhos, a preparação das lideranças para os novos tempos e projetos que unem estratégia e necessidade social.
“A Gol tem o propósito de ‘ser a primeira para todos’. Todos são os 14 mil colaboradores, os 30 milhões de passageiros e os acionistas e investidores que estão conosco. É um propósito muito profundo e poderoso. A reputação só ganha com esse tipo de zoom”, afirma.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como você tem acompanhado a questão de encontro de gerações nas empresas?
As pessoas estão com uma expectativa de vida cada vez mais alta. Estão envelhecendo de forma mais ativa. A geração dos 50+ tem se mostrado mais atuante e está querendo continuar conectada ao mercado de trabalho. Vivemos em um país em que as pessoas não têm o hábito de se preparar para a aposentadoria. Então, é comum seguirem na ativa, o que acaba também provocando um encontro de gerações.
E que solução a Gol criou para atender a essa demanda?
Temos uma demanda por um perfil muito específico para trabalhar em aeroportos. Em 2017, nos propusemos a fazer um teste. Em vez de irmos atrás do pessoal mais jovem, decidimos abrir seleção para público na faixa dos 50+ ou aposentados. Criamos, então, o Experiência na Bagagem, porque entendemos que essa mistura geracional era importante para o equilíbrio. O jovem tem um mood mais acelerado e, por vezes, escorrega no olho no olho com o cliente. O pessoal mais velho tende a ter mais empatia e a tentar resolver o problema. Primeiro, abrimos para dentro de casa, para pais e avós de colaboradores; a única regra é que não poderia ter subordinação. Me surpreendi positivamente. Transportamos 30 milhões de passageiros todos os anos. Transportamos diversidade. Então, temos que ter a diversidade representada na companhia. Hoje, 13% do nosso quadro conta com colaboradores com idade superior a 50 anos.
E como é a relação entre pessoas de gerações diferentes dentro da Gol?
Deu muito certo. Existe muito respeito e a “cola” de aprendizagem. O jovem tem o que aprender. É uma troca, não existe choque de gerações. O jovem é o aprendiz. E o profissional mais maduro tem a experiência.
“A geração dos 50+ está querendo continuar conectada ao mercado de trabalho.”
Como fazer esse encontro de gerações de forma a garantir a sustentabilidade do negócio e a reputação das empresas?
A Gol tem o propósito de “ser a primeira para todos”. Todos são os 14 mil colaboradores, os 30 milhões de passageiros e os acionistas e investidores que estão conosco. É um propósito muito profundo e poderoso. A reputação só ganha com esse tipo de zoom. Não temos medo de ousar e de experimentar nessas questões. Temos traços de uma jornada popular, de sermos uma empresa brasileira que apoia e trata de causas sociais importantes. Em projetos como esse, temos o insight de unir a estratégia da empresa com uma necessidade social.
“Cultura é a base do negócio e precisa responder aos novos tempos, é o ativo mais poderoso das organizações para direcionar esses pontos (de impacto geracional).”
Como os líderes da Geração X são vistos pela Z?
Esse é um tema que deve estar altamente conectado com cultura. Cultura é a base do negócio e precisa responder aos novos tempos. Nossa liderança vem sendo preparada nessa direção. Quando recrutamos de fora também olhamos para isso. A cultura é o ativo mais poderoso das organizações para direcionar esses pontos. Há 10 anos, isso poderia ser um problema. Mas agora não é mais.
Como reter a geração Z, que se mostra cada vez mais instável no ciclo de permanência nas empresas?
A partir da janela aberta para o desafio. Aqui, na Gol, o desafio é contínuo. Sabemos que a geração Z não é pautada pelo dinheiro e, sim, pelo propósito. É um estilo de vida trabalhar com aviação. Ou seja, trabalhar na Gol é uma oportunidade de viver uma transformação. A única certeza é que o que a gente planejou para hoje não vai ser executado, pois estamos em um segmento muito volátil, que muda o tempo todo e exige adaptação permanente e, sobretudo, criatividade.
“Temos que movimentar o time em busca de resultados não só sustentáveis, mas extraordinários. Para tudo isso, precisamos de times de alta performance e, principalmente, de pessoas com propósitos conectados ao da companhia. Pessoas certas nos lugares certos, pautadas pelo que as faz feliz.”
Qual o desafio para as altas lideranças nesse cenário?
Eu falo que a gente está vivendo agora um mundo pós-guerra. A pandemia teve impacto muito grande nos negócios. No nosso, foi quase destruidor. Passamos de 900 voos diários para 50, durante a pandemia. Ficamos quase três anos em uma UTI. Na Gol, uma vez por ano, lançamos o nosso foco para os próximos 12 meses. Neste ano, um deles fala em evolução da cultura praticada em todos os níveis. Não somos mais os mesmos desde 2019. Precisamos de novos comportamentos. E temos método e disciplina para desdobrar isso para 14 mil colaboradores. Outro pilar é a liderança transformadora, que engaja, direciona. Temos que ter a capacidade de alterar o sentido de acordo com as mudanças. Alterar a rota rapidamente. E temos que movimentar o time em busca de resultados não só sustentáveis, mas extraordinários. Para tudo isso, precisamos de times de alta performance e, principalmente, de pessoas com propósitos conectados ao da companhia. Pessoas certas nos lugares certos, pautadas pelo que as faz feliz. Essa é a beleza da coisa. E a liderança precisa ter essa maestria.
Mariana Mondini é jornalista e consultora da ANK Reputation
mariana.mondini@ankreputation.com.br