Pressionadas a buscar mais prevenção contra ameaças reputacionais intrínsecas a uma sociedade hiperconectada e com hábitos e comportamentos capazes de mobilizar a opinião pública rapidamente, as empresas brasileiras evoluíram com o fortalecimento das áreas de compliance, riscos corporativos e reputação. No entanto, as corporações ainda carecem de visão sistêmica sobre o impacto da ausência de uma estratégia para riscos na gestão de reputação, alerta a CEO da ANK Reputation, Anik Suzuki.
Segundo a consultora, também existe espaço para avançar na conscientização, no treinamento e na responsabilização dos times, afirmou em entrevista ao Observatório da Comunicação de Crise (OBCC), projeto integrado por pesquisadores de instituições de ensino superior brasileiras – UFSM, UFRGS, USP e Cásper Líbero – e portuguesas – UMinho e UBI.
Anik alerta que, no dia a dia das lideranças, não é incomum que crises sejam subestimadas ou intercorrências sejam supervalorizadas. “No primeiro caso, os prejuízos podem ser enormes. E no segundo, os custos”, afirma.
Outro tema tratado foi o efeito da superexposição das empresas e das pessoas, fenômeno relacionado à sociedade da informação e da hiperconexão. “O fim da fronteira entre o público e o privado aumenta a possiblidade de que as organizações e figuras públicas sejam flagradas em suas incoerências e inconsistências”, observa. “Então, a melhor proteção é abraçar a verdade, a consistência, a coerência, o walk the talk em nossos posicionamentos.”
De acordo com Anik, a empresas estão mais conscientes com os riscos e efeitos de comportamentos digitais como a cultura do cancelamento. Avalia, porém, que há mais cautela entre líderes e porta-vozes, bem como gestores dos canais digitais de marca, para se expor, gerando perda de velocidade e uma comunicação de conteúdos pasteurizada.
“O melhor antídoto para o momento em que vivemos é ter uma cultura de reputação forte, ou seja, cultivar relacionamentos de confiança, ganha-ganha, e posicionar-se com clareza, consistência e recorrência”, afirma. E sugere: “se você não contar a sua história, não controlar a sua própria narrativa, se não der a oportunidade de as pessoas saberem quem você é, o que pensa e no que acredita, alguém fará isso por você.”
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