A jornada de reputação de um líder não costuma ser linear, nem exatamente como o planejado. Ela evolui no dia a dia, em sintonia com a transformação do mundo e da sociedade. Se ontem um executivo C-level reunia atributos e competências essenciais para exercer o seu papel, hoje ele precisa adquirir novas habilidades ou fortalecer outras para as quais até então não se dedicava ou via valor.
A disrupção em todas as áreas, o mundo em redes, a colaboração e o compartilhamento trazem múltiplos impactos nos negócios
A agenda empresarial, que até algumas décadas atrás era focada em disciplinas específicas, como mercado, negócios, produção e gestão, agora incorporou novos temas que o líder deve conhecer, sobretudo a partir das transformações provocadas pelo avanço da tecnologia e, consequentemente, da maneira de se relacionar com as pessoas.
Vivemos um novo mindset profissional, com a busca por propósito, a valorização da diversidade, dos critérios ESG, o crescimento da economia comportamental e tantas outras revoluções. O desafio aumenta, conforme a complexidade do nosso tempo. Ser líder na atualidade significa conduzir a empresa em um contexto de constantes mudanças e lidar com situações que requerem posicionamento sobre questões da agenda da sociedade.
Veja algumas das habilidades que líderes estão buscando aprimorar:
• Resiliência
Líderes precisam estar preparados para revisar e replanejar seus planos de voos e engajar seus times em meio a contextos complexos e voláteis. Por isso, a especialista em desenvolvimento e transformação organizacional Lynn Perry Wooten (coautora do livro The Preparead Leader: Emerge From Any Crisis More Resilient Than Before, Wharton School Press, setembro de 2022) afirma que o líder precisa pensar na resiliência como um músculo que deve ser permanentemente exercitado, sobretudo para sair da defensiva e agir para encontrar caminhos de crescimento mesmo em momentos de crise.
• Empatia
A palavra “empatia” tem origem no termo em grego empatheia, que significava “paixão”, e pressupõe compreender o outro. Trazendo para o ambiente das empresas, em que há expectativa de um líder próximo e que é facilmente entendido em sua comunicação, ser empático é conhecer a fundo o interlocutor, demonstrar que entende seus interesses. Quais as sensibilidades? Que linguagem pode ser mais adequada para o entendimento da comunicação?
• Repertório
Não basta ser especialista nos temas relacionados ao próprio negócio, porque o líder é constantemente chamado a se posicionar. É preciso ampliar o espectro, conhecer temas que vão de tecnologia, inovação e economia a ESG, sigla que reúne questões ambientais, sociais e de governança. Essa última palavrinha vale umas linhas a mais, especialmente o “S” da sigla, que conversa com diversidade. Atitudes e expressões que podiam soar de maneira natural antigamente, hoje, são inadequadas, e é preciso atentar-se para isso.
• Concisão
Com a digitalização, o ser humano passou a viver de forma muito mais acelerada. O tempo passou a ser o que as pessoas têm de mais valioso. Ou seja, ser objetivo (sem ser superficial, simplório ou inconsistente) significa garantir maior atenção das pessoas e assegurar que a a mensagem pretendida chegue de maneira correta.
A boa notícia é que todas essas habilidades podem ser desenvolvidas, a partir de um planejamento, método, estudo e disciplina. E, claro, estar conectado a um propósito que valha a pena ser compartilhado.
Mariana Mondini é jornalista e consultora da ANK Reputation
mariana.mondini@ankreputation.com.br