“Devemos direcionar o melhor dos nossos esforços e capacidades empresariais e de negócios no desenvolvimento de ações de impacto positivo na sociedade. Devemos, juntos, mudar as regras do jogo. Reconhecer e valorizar as organizações que atuam desta forma, redefinir o conceito de reputação empresarial e de negócios pautados pelo impacto social e ambiental que nossas organizações geram. Pelo futuro do planeta.”
No contexto da sociedade do conhecimento, marcada pela globalização e pela crescente interdependência dos países e das organizações, em um mundo cada vez mais organizado em rede, o papel da inovação é crescentemente entendido por todos como crítico na resolução dos grandes desafios da sociedade atual.
Temas centrais para o desenvolvimento da sociedade contemporânea envolvem a questão da paz entre os povos, os direitos humanos e a justiça, o respeito à diversidade e a redução das desigualdades. Diversos aspectos importantes para a futuro da humanidade emergem com força: as mudanças climáticas, alimentação, água e energias limpas despontam como fatores essenciais para um padrão mínimo de qualidade de vida e estabilidade social, fatores sem os quais não parece fazer sentido o próprio desenvolvimento econômico.
É fundamental e urgente desenvolver novos processos e tecnologias que permitam contribuir no endereçamento destes desafios de forma muito mais eficaz, alocando menos recursos, com mais sustentabilidade e gerando melhorias de qualidade de vida para as pessoas, reduzindo as desigualdades crescentes que caracterizam o mundo que vivemos.
Mas, neste contexto, qual o papel das empresas, públicas e privadas? Quase impossível saber ou antecipar o que virá. No máximo, podemos ler alguns sinais do futuro e imaginar algumas possibilidades. Provavelmente, as transformações virão em duas frentes: (a) pessoal e social e (b) profissional e negócios.
Na frente pessoal e social, talvez emerja um novo humanismo, como atitude frente aos desafios, como uma nova forma de estar no mundo. Humanismo como uma nova forma de cuidarmos uns dos outros. Pensar o coletivo antes do individual.
Na frente profissional e negócios, talvez emerja um novo conjunto de valores a nortear a ação das organizações, não somente da percepção social, mas também novos padrões de análise dos negócios, onde o impacto social e ambiental dos empreendimentos se tornem tão importantes quanto seus resultados financeiros. Podemos imaginar um mundo onde as pessoas tenham mais responsabilidade e ciência de seu papel na sociedade, onde o consumo seja mais consciente, onde possamos (e devamos) escolher onde trabalhar, o que comprar e em quem investir, de acordo com valores que nos sejam relevantes. Valores globais, com senso de bem comum e responsabilidade pelo futuro do planeta.
Assim como a grande crise de 1929 mudou para sempre a forma como as empresas atuam, são avaliadas e auditadas, esta crise que vivemos no início desta década pode ser um marco para uma nova forma de avaliar as organizações e seu papel na sociedade. Existem muitos desafios que devemos superar como sociedade. Os 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da ONU indicam com clareza esses desafios. O que devemos fazer é direcionar o melhor dos nossos esforços e capacidades empresariais e de negócios no desenvolvimento de ações de impacto positivo na sociedade. Impacto social e impacto ambiental. Devemos, JUNTOS, mudar as regras do jogo. Reconhecer e valorizar as organizações que atuam desta forma, redefinir o conceito de reputação empresarial e de negócios pautados pelo impacto social e ambiental que nossas organizações geram. Pelo futuro do planeta. Pelo futuro de nossas famílias e da sociedade que vivemos.
Jorge Audy é superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e Tecnopuc
Os artigos assinados refletem a opinião dos autores