Nelson afirma que sua motivação era escrever uma história livre e aberta que servisse de legado para as suas próximas gerações – Foto: Gladstone Campos / Especial RF
A paixão do empresário Nelson Sirotsky pela comunicação se confunde com a sua formação, com a própria família, com a sua vitoriosa trajetória empresarial e está presente em seu livro O Oitavo Dia, de memórias pessoais e profissionais, lançado em 2018 pelo selo Primeira Pessoa, da editora Sextante. A obra é resultado de algumas das características individuais mais valorizadas pelo empresário: intuição, planejamento e disciplina. E surgiu de uma necessidade interior, depois de Nelson ter enfrentado alguns episódios marcantes em sua vida pessoal e profissional.
Nelson é filho do fundador do Grupo RBS, Maurício Sirotsky, e atuou na empresa por mais de 45 anos, 21 anos dos quais como presidente. Hoje, é acionista e publisher da RBS e também se dedica à Maromar, holding de investimentos que participa de negócios com alto potencial de crescimento e impacto positivo na sociedade. Com a gratificação conquistada a partir do lançamento, Nelson sugere a quem pensa escrever um livro: “Busque sua motivação. E, ao encontrá-la, vá atrás de seus sonhos, mesmo com todas as dificuldades. Livro é um trabalho duro, difícil, que requer planejamento de um lado e disciplina de execução de outro, além de tempo”, compartilha em um relato exclusivo para o Reputation Feed.
“Um legado para as próximas gerações”
Cada um constrói sua história dentro de sua perspectiva, de sua verdade, diz Nelson, às vésperas de completar 70 anos: “Eu queria escrever uma história livre, uma história aberta, uma história com transparência, que realmente servisse de legado para as minhas próximas gerações. E talvez essa tenha sido uma decisão sábia, da minha maneira, porque foi livre durante todo o processo de escrita. No momento em que a ideia tomou forma, em que se transformou em algo concreto, resolvi enfrentar o desafio de me expor com as verdades que eu havia escrito, do que eu havia construído ao longo da minha vida e que seria compartilhado com eventuais leitores.“
Ilustrações do livro foram fotografadas por Celso Chittolina, na residência de Nelson, em Porto Alegre, como (1) a chave do cofre que pertenceu a Maurício Sirotsky Sobrinho e (2) o boneco em madeira de rabino ortodoxo, em primeiro plano (ao fundo, detalhe do quadro Árvore da Vida, de Siron Franco). (3) A coleção de bengalas de Nelson também é destaque, assim como (4) o jogo de dominó que pertenceu a José Sirotsky, avô de Nelson
“Que fosse interessante para os leitores”
Durante o processo criativo, o que mais surpreendeu Nelson foi o nível de emoção. “Quando decidi escrever minha história, quis que ela fosse verdadeira. Mas queria, na minha cabeça, que fosse interessante para os leitores. Na minha atividade profissional, sempre tive preocupação com o público.”
A preocupação de Nelson não era se os leitores iriam gostar ou não, mas que a leitura fosse agradável. “Nesse processo, antes de chamar quem quer que seja, li bastante, pensando quem seria mais adequado para transformar o que já tinha escrito em uma biografia. Minha exigência era de que fosse gaúcho, que conhecesse um pouco a história da minha família, um pouco a história da nossa empresa, um pouco a nossa realidade do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre. Foi então que a gente decidiu chamar a Letícia Wierzchowski e propor a ela o desafio não de reescrever, mas de transformar aquilo numa história biográfica, de interesse para os leitores.”
Depois de fazer seus registros e concretizar suas ideias, Nelson convidou Letícia para produzirem juntos a biografia – Foto: Carin Mandelli
Nelson em uma das três concorridas sessões de lançamento do livro realizadas em São Paulo, Porto Alegre e Florianópolis – Foto: Vini Dalla Rosa
“Me fez muito bem e me engrandeceu como pessoa”
O resultado, segundo Nelson, é avaliado a partir de três momentos. Um tem a ver com o período em que escreveu a sua história, sozinho. Outro, com a época em que produziu o texto, num trabalho conjunto com Letícia. E, o terceiro, com o momento em que o livro chegou ao público. “Como decorrência do lançamento, houve a reação dos leitores que, muitas vezes, foi positiva e, muitas vezes, negativa. Nenhum problema nisso. Foi muito legal eu ter recebido críticas positivas e negativas relacionadas ao livro. Aquilo me fez muito bem e me engrandeceu como pessoa.”
Clóvis Malta é jornalista
clovis.malta@ankreputation.com.br