Pedi para o ChatGPT escrever um artigo sobre até que ponto a Inteligência Artificial pode impactar a reputação de uma empresa e de seus líderes, positiva ou negativamente. Digamos, então, que o conteúdo deste texto foi gerado em alguns segundos, a partir de algoritmos que recorrem a informações armazenadas na rede para elaborar uma resposta minimamente convincente a uma questão específica como a que formulei.
“A Inteligência Artificial não vai nos substituir enquanto ética continuar como característica nossa.”
Ou melhor: desafio os leitores a distinguir neste texto o que foi redigido por mim e o que resulta de frases recicladas por robôs. Faço questão de deixar claro, desde o início, que sou muito grata a chatbots pela sua colaboração no dia a dia. A Inteligência Artificial que move essas invenções pode, sim, contribuir para aprimorar processos, para fornecer soluções personalizadas, para reforçar elos com stakeholders, desde que bem implementada e afinada com o propósito da empresa. Mas não vai nos substituir enquanto ética continuar como característica nossa, de humanos, de líderes que consideram inegociável zelar pela percepção das organizações ao olhar dos outros.
Sim, pois na prática, Inteligência Artificial não age apenas como uma espécie de ser tecnológico do bem, em conversas sedutoras com clientes, diagnosticando doenças, elaborando projetos complexos, facilitando o trabalho pesado na indústria, compondo músicas ou jogando xadrez. Como nos alerta Meredith Broussard, pesquisadora reconhecida nessa área da Universidade de Nova York e autora de livros sobre o tema, nunca devemos presumir que computadores – ou quem os programa – fazem sempre a coisa certa.
Universidades vêm retomando prova oral, temendo fraudes indetectáveis, e há uma corrida por ferramentas para apurar se textos como este foram gerados no todo ou em parte por Inteligência Artificial – você está conseguindo discernir? Abordagens preconceituosas, news terrivelmente fakes e julgamentos errôneos têm demonstrado potencial para destruir reputações pessoais e corporativas, levando muitas vezes a desfechos cruéis, na mesma rapidez exigida para a elaboração de um artigo. Então, líderes, atenção para as ameaças nesse cenário futurista, que já está montado.
Garantir credibilidade a uma empresa e confiança na marca é uma construção que envolve habilidades essencialmente humanas. A Inteligência Artificial pode ser um manche nesse processo. Para isso, é preciso que seja programada de maneira correta e transparente. Se a IA for usada para tomar decisões discriminatórias ou injustas, isso pode prejudicar a reputação da empresa e de seus líderes.
Neste texto, as diferenças entre meu estilo de escrita e o do GPT se mostram sutis. Por precaução, conferi todas as informações usadas. Mas, à medida que esses sistemas tecnológicos têm seus usos multiplicados, com os “solucionismos de IA” permeando diferentes áreas de uma organização, é importante ter claro que nem sempre será possível responsabilizá-los por eventuais danos, como os reputacionais. Pelo menos, enquanto essas inovações estiverem sob nosso comando.
Renata Afonso é CEO/General Manager e Board Member
Os artigos assinados refletem a opinião dos autores