Andrew Winston, referência global em sustentabilidade corporativa, vislumbra pelo menos sete questões que devem estar no radar das empresas e governos este ano. Em sua coluna na MIT Sloan Management Review, Winston parte de obstáculos à agenda sustentável em 2023 para projetar alguns cenários em 2024. “Lidar com a dualidade e a incerteza e desenvolver a resiliência serão conjuntos de competências a serem aperfeiçoadas este ano”, afirma, no artigo, o coautor do livro Net Positive (Impacto Positivo) – Como empresas corajosas prosperam dando mais do que tiram, escrito com Paul Polman.
A seguir, um breve resumo das sete tendências apontadas no artigo, da mais provável a com menor probabilidade de acontecer, segundo Winston.
1. Impacto das mudanças climáticas requer gestões mais eficientes
Como os efeitos das mudanças climáticas devem ser cada vez mais dramáticos, afetando desde operações à cadeia de suprimentos, as empresas terão de lidar com mais eficiência para enfrentá-los. Winston espera também, por outro lado, uma maior conscientização sobre a urgência em encontrar soluções para a crise à medida que cresce o número de jovens no mercado de trabalho e na base de consumo.
2. Influência das eleições na sustentabilidade e nas ações climáticas
Eleições para governos programadas para acontecer em várias regiões do planeta, abrangendo aproximadamente metade da população mundial, deverão orientar a forma como serão tratadas, em muitos países, questões relacionadas a temas como mudanças climáticas e desigualdade social, entre outros desafios que impactam nos negócios.
3. Relatórios de sustentabilidade terão mais espaço
A conformidade deve ser impulsionada pelas novas regras na União Europeia, que aumentam o número de empresas obrigadas a divulgar relatórios de sustentabilidade, e na Califórnia – a qual, sozinha, é a 5ª maior economia do planeta –, em relação ao clima. Ou seja, serão necessários mais pessoas e mais recursos para elaborar os relatórios.
4. Tecnologias limpas mantêm expansão
Deve haver alguma resistência em algumas partes do mundo, mas, na maior parte, por questões de custo, tecnologias limpas tendem a crescer. Já houve algum avanço porque a COP28, realizada em Dubai, acordou para a “transição” dos combustíveis fósseis.
5. Distrações e falácias do espantalho serão disseminadas
Segundo Winston, a expansão das tecnologias limpas representa uma ameaça aos interesses de uma indústria forte e rica, que deve manter um discurso com argumentos do espantalho, ou seja, desviando a atenção ou enfraquecendo algumas posições. Empresas que estão no caminho da descarbonização, afirma, terão de eliminar esses ruídos e seguir em frente.
6. Parcerias para tratar sustentabilidade em grande escala crescerão
Baseado no aumento das colaborações em áreas que produzem itens com maior intensidade de carbono, ele acredita que um pensamento sistêmico em torno da sustentabilidade deverá crescer.
7. Movimento anti-ESG recuará
No último ano, o maior problema da sustentabilidade corporativa foi o anti-ESG, que afetou profundamente as empresas, inclusive gerando greenhushing. O termo descreve o comportamento de empresas sustentáveis que, com receio de serem acusadas de greenwashing, optaram pelo silêncio em vez de divulgarem suas agendas sociais e ambientais, pressionadas cada vez mais pelos questionamentos e sistemas de verificação. No entanto, os dados mostram que as organizações mantêm seus esforços e investimentos em sustentabilidade, afirma Winston.