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Crises reputacionais, hoje, estão mais frequentes, costumam ser mais duradouras e mais severas para as empresas, alertou a fundadora e CEO da ANK Reputation, Anik Suzuki, em entrevista ao programa Money Times, da Times Brasil – CNBC, nesta quinta-feira (13/2). A empresária justificou que, atualmente, qualquer deslize de um gestor em rede social ou uma piada mal colocada num ambiente de boataria, fake news e desinformação em redes sociais e grupos de WhatsApp pode tornar as organizações ainda mais vulneráveis. E explicou como esses riscos decorrentes da maior exposição das empresas aparecem na sondagem “As prioridades da alta liderança para 2025”, realizada pela ANK Reputation.
O objetivo do trabalho, disse Anik, foi fazer uma escuta qualificada, dirigida para a alta liderança das empresas, para entender como os mais de 100 líderes ouvidos estão lidando com esses movimentos rápidos de transformação. “Queríamos um corte, na sondagem, que refletisse a cultura da empresa brasileira, que é muito diferente da cultura da empresa americana, da empresa europeia”, explicou.
Os resultados surpreenderam ao indicar “Desenvolvimento de pessoas, retenção de talentos e/ou sucessão” como frente prioritária para 68% dos entrevistados. As frentes “Atualização tecnológica e de processos produtivos” e “Transformação digital” aparecem a seguir. “Imaginávamos, pela nossa experiência no dia a dia com as empresas, que a transformação digital e a atualização tecnológica, assim como inovação, preservação de competitividade, que são temas muito caros para as empresas, viriam no topo da lista de prioridades, mas apareceu desenvolvimento de pessoas”, disse Anik. “Ao mesmo tempo, nessa escuta, percebemos que, hoje, existe na alta cúpula das empresas uma clareza de que cultura organizacional e as pessoas certas nos lugares certos são o que garantem a transformação digital que precisam fazer, na velocidade necessária, assim como a atualização tecnológica.”
Construção de reputação
O que não surpreendeu, disse Anik, foi o fato de a frente “Reputação e marca” surgir logo em seguida entre as prioridades da alta liderança. Anik argumentou que uma reputação forte, além de posicionar a empresa à frente dos seus concorrentes, proporcionar a conquista, a lealdade e a recompra de clientes, contribui para a atração e retenção de talentos, facilita parcerias e reduz custos operacionais, entre outras vantagens. Um colchão de reputação garante maior resiliência em momentos de dificuldades e, principalmente, de crises, justificou.
“A preocupação com construção de reputação forte aparece vinculada a esses três temas prioritários. Uma empresa que não tem reputação forte, que não está cuidando de maneira profissional desse tema, sabe que pode ser prejudicada no seu processo de atualização tecnológica, de inovação, de transformação digital e, também, ao buscar atrair, reter talentos e formar pessoas para esse momento tão desafiador.”
Por isso, na opinião da empresária, gestão de reputação tem que ser prioridade desde o momento em que a empresa tem a consciência da relevância de construir confiança com seus públicos até o seu projeto empresarial de crescimento. “Quando a gente deixa para cuidar de reputação só nos momentos de crise, é porque não estamos preparados. Perdemos tempo, perdemos alinhamento. Geralmente, temos a quebra de confiança com os nossos públicos, assumindo muitos prejuízos, alguns inclusive irreversíveis.”
Sucessão de líderes
Sobre a preocupação das empresas com a sucessão de seus líderes, apontada pelo estudo da ANK Reputation, Anik explicou que essa é uma das tendências pós-pandemia: maior interesse pela construção e fortalecimento da cultura organizacional. “As pessoas estão trabalhando no híbrido, trocando mais de emprego. Isso torna mais vulnerável a construção dessa cultura organizacional. Ou seja, a empresa está mais desafiada a ter metodologia para construção de uma cultura forte e para a manutenção daquele executivo num prazo mais longo”, afirmou.
Assista à entrevista completa
Reprodução da entrevista ao vivo, ao programa Money Times, em 13/2/2025 – Imagens cedidas pela Times Brasil/CNBC