As empresas, seus líderes e as eleições 2024

Orientações ANK para gestão de riscos de imagem e reputação no contexto eleitoral

Redação Reputation Feed

Em outubro, brasileiros vão às urnas para eleger novos prefeitos e vereadores em mais de 5,5 mil municípios – Foto: Shutterstock

Este ano as eleições municipais ocorrerão em um contexto de alta pressão em relação à participação das empresas nos grandes acontecimentos da vida do país, com maior risco de polarização sobre temas além do ambiente de negócios e uso de novas tecnologias digitais. A partir da identificação de situações com potencial de impacto na reputação das empresas e de seus líderes, a ANK Reputation preparou um conjunto de recomendações e alertas para o período eleitoral.

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Sobre boas práticas das empresas e conformidade com a legislação eleitoral

  1. Defina e comunique internamente as diretrizes para comportamentos e ações no período, certificando-se de que estão em conformidade com a legislação eleitoral. Revise orientações sobre o uso de recursos da empresa, a conduta dos colaboradores, doações e patrocínios.

  2. Tenha uma política claramente definida e comunicada para o caso de colaboradores que decidam disputar cargos eletivos.

  3. A legislação eleitoral define limites para a presença de candidatos em campanha nas dependências de empresas. Caso a empresa opte por receber candidatos em seus espaços e instalações, o caminho menos arriscado é abrir as portas para políticos de todos os partidos. Isso afasta a percepção de favorecimento e eventuais constrangimentos do público interno ou mesmo acusações de violação da legislação eleitoral.

  4. Não divulgue proativamente visitas de candidatos e assegure que as respectivas assessorias alinhem o uso de imagens e o tom da mensagem que será divulgada pela comunicação da campanha.

  5. Na comunicação com os colaboradores sobre a visita de políticos, dê preferência para mensagem informativa, sóbria. A legislação determina que a empresa mantenha a neutralidade.

  6. Estimule entre seus colaboradores o acesso à informação com base em fontes confiáveis, como forma de combater a propagação de fake news. Alerte para as manipulações decorrentes do uso de Inteligência Artificial, especialmente para deep fake, que permite a criação de vídeos ou áudios falsos muito próximos da realidade.

Sobre posicionamentos e atitudes dos líderes

  1. É legítimo que todo cidadão tenha suas preferências político-eleitorais e que as relações sociais profissionais fiquem mais tensionadas nesse período. No ambiente profissional, espera-se que o líder seja um fator de serenidade, evitando que o clima de disputa gere animosidades desnecessárias e interfira na rotina da empresa.

  2. As atitudes e as opiniões da liderança têm um grande peso para o restante da organização. Por isso, comentários, julgamentos, piadas e brincadeiras sobre políticos e partidos feitos no ambiente de trabalho podem gerar constrangimentos, desconfortos e até soar como tentativa de coação nos subordinados que tenham opiniões diferentes.

  3. É alto o risco de que suas preferências político eleitorais sejam confundidas com posicionamentos institucionais da empresa e que ela venha a ser pressionada por isso, inclusive, de maneira oportunista por concorrentes.

  4. Lembre-se que uma imagem vale por mil palavras. Fotos e vídeos com candidatos, políticos e apoiadores fortemente identificados com uma candidatura têm alta probabilidade de serem considerados apoio do líder e da empresa. Avalie os ganhos e perdas de uma associação desse tipo.

  5. Da mesma forma, tenha em mente os riscos e as vantagens ao ser fotografado ou filmado com candidatos em eventos – desde inaugurações e anúncios de investimentos da própria empresa, até aqueles da agenda de campanhas políticas, como almoços, jantares e manifestações de rua.

Nas redes sociais, atenção redobrada:

A polarização, a cultura do cancelamento e o estímulo a boicotes a produtos e empresas se potencializam no ambiente digital. São cada vez mais comuns artifícios para manipular a repercussão nas redes, tais como contratação de pessoas para comentar em posts ou mesmo perfis falsos. Além disso, estas serão as primeiras eleições com uso massivo da Inteligência Artificial Generativa, com suas oportunidades e seus riscos.

  1. Tenha em mente que não há mais separação entre o on e offline, principalmente para quem está em uma posição de liderança. Tudo o que o líder posta, compartilha ou comenta nas redes sociais, mesmo em grupos privados, é visto como posicionamento (apoio ou oposição) seu e da empresa, pode ser compartilhado sem o seu consentimento e ganhar repercussão pública imprevisível.

  2. Revise a comunicação interna e externa da empresa para não cair em armadilhas da guerrilha digital. Até pouco tempo, a desinformação e as notícias falsas (fake news) tinham como alvo instituições, figuras públicas com alta visibilidade ou do mundo político. Agora, são cada vez mais armas de concorrência desleal no ambiente de negócios privados, ameaçando empresas e seus líderes.

  3. Lembre-se do óbvio: em qualquer lugar público, sempre haverá alguém com um celular.

  4. Atualize as configurações de privacidade das suas contas no Instagram, Facebook, X e TikTok para, por exemplo, evitar marcações indesejadas e limitar o público com permissão para visualizar suas postagens. Além disso, revise os grupos de WhatsApp nos quais costuma interagir. Nem sempre todas as pessoas são conhecidas nesses grupos, onde você pode ter suas informações pessoais disponíveis. Como esses grupos podem favorecer a disseminação de fake news, sempre vale a recomendação de checar antes de compartilhar.

  5. Evite se envolver em discussões nas rede sociais, em especial não incentive provocações com sarcasmo, ofensas e xingamentos. Sempre avalie quem tem mais a ganhar e a perder nas polêmicas digitais.

  6. Numa campanha eleitoral, assuntos relacionados a temas transversais como diversidade, gênero, bem-estar animal e, mais recentemente, questão climática têm grande poder de ‘viralização’.

Conteúdo ANK Reputation – julho de 2024.

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