
Documento que costuma servir de base para os debates do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o Relatório de Riscos Globais traz pela primeira vez, em sua edição de 2024, o tema informações falsas e desinformação no topo das preocupações de curto prazo de líderes globais (ver quadro).
Eventos climáticos, que segue preocupando a maioria neste ano, devido ao El Niño, fica como o segundo maior temor a curto prazo, seguido de polarização social. Essa combinação explosiva de ameaças tem impacto direto de novas tecnologias como a Inteligência Artificial. O contraditório é que essas aplicações têm tanto o potencial para amplificar danos como os das fake news e da polarização da sociedade, quanto a capacidade de promover soluções, como a possibilidade de mitigar efeitos da crise climática, .
O relatório com as conclusões da 19ª edição da Pesquisa Global de Percepção de Riscos (GRPS) foi realizado em conjunto pela seguradora Zurich e a consultoria de riscos Marsh McLennan. As preocupações expressas por 1.400 lideranças de diferentes áreas em 113 países indicam que os desafios a serem debatidos entre 15 e 19 de janeiro na Suíça não são pequenos.

O Relatório de Riscos Globais explora alguns dos riscos mais graves a serem enfrentados na próxima década, num contexto de rápidas mudanças tecnológicas, incerteza econômica e um planeta que sofre as consequências de eventos climáticos extremos e conflitos
No longo prazo, que o documento considera como de dez anos, as preocupações de líderes se alteram, com eventos climáticos extremos assumindo a primeira posição. Em segundo lugar, aparece o tema mudanças bruscas nos biomas da Terra, com desinformação e informação falsa assumindo a quinta posição.
A principal mudança no cenário de longo prazo fica com o fato de aparecer pela primeira vez o tema “resultados adversos das tecnologias de Inteligência Artificial”, já em sexta posição entre as inquietações de líderes globais. A estimativa é de que facilidades propiciadas pela Inteligência Artificial para a criação de fake news e imagens falsas tendem a agravar os problemas já registrados hoje, influenciando resultados eleitorais em várias economias importantes nos próximos anos.
Outros temas apontados pelos entrevistados são os relacionados a cibersegurança e a conflitos armados entre países, além de questões como falta de oportunidades econômicas, inflação, migrações, recessão e poluição no curto prazo. No longo prazo, surgem ainda questões como perda de biodiversidade e escassez de recursos naturais.
Concentração de poder
Agora, em relação ao passado, a pesquisa indica como preocupações persistentes dos últimos dois anos entre líderes globais temas como crise climática, polarização, cibersegurança e migração involuntária. Para o mesmo período, os temas que mais cresceram em preocupação foram concentração de poder tecnológico, que tende a manter as medidas efetivas de mitigação nas mãos de poucos países, desinformação e informação falsa (da posição 115 para o topo), conflitos armados entre países e serviços públicos e infraestrutura insuficientes. Diminuiu a preocupação em relação a conflitos geoeconômicos, desemprego, perigos biológicos, químicos e nucleares e endividamento.
Como alternativas para o enfrentamento de tantos desafios simultâneos e interligados, o relatório cita estratégias localizadas, esforços inovadores, ações coletivas e coordenação entre países. Investimentos em pesquisa e inovação são citados também como uma forma de facilitar a mitigação desses riscos, contribuindo para um mundo mais seguro e mais próspero.
Os 10 principais riscos nos próximos dois e 10 anos:
