Ninguém pode negar que a tecnologia tem trazido cada vez mais oportunidades não só para empresas e profissionais, mas também para a sociedade, que pode se tornar mais rica e saudável com a adoção de novas soluções. Somos hoje uma sociedade integrada global capaz de prover alta qualidade de vida a bilhões de pessoas.
Cada ano que passa traz algo novo em tecnologia: impressoras 3D, blockchain, metaverso etc. A maioria não emplaca, e só algumas excedem as expectativas. A mais popular delas, atualmente, a Inteligência Artificial, tem transformado a indústria e as pessoas. A tecnologia tem sido popular há muitos anos, como na navegação GPS gerando rotas ou em detectores de fraudes. Mais recentemente, algumas empresas trouxeram a tecnologia para um outro patamar com os chamados foundation models, conceito de Inteligência Artificial Generativa, como a OpenAI, com o ChatGPT e o Dall-E.
Os benefícios desses modelos são enormes e fala-se em um aumento de produtividade de 40% em vários setores. Mas geram várias questões, não só aqui nos Estados Unidos, como o uso de dados em larga escala para treinar esses modelos e o impacto disso na privacidade e no direito autoral.
Quais são os direitos da pessoa cujos dados pessoais foram utilizados ou de quem foi o autor dos dados usados?
“A maneira como a empresa mantém os dados dos consumidores protegidos tem efeito na sua reputação e afeta a confiança dos consumidores.“
Informação capturada pode se espalhar muito rápido e ser usada por modelos de inteligência artificial. Temos regras e leis garantindo a privacidade das pessoas aqui e em muitos outros países, mas, se não houver muito cuidado, essas informações podem ser usadas de forma não autorizada, intensificando os riscos reputacionais corporativos. A maneira como a empresa mantém os dados dos consumidores protegidos tem efeito na sua reputação e afeta a confiança dos consumidores.
Existem pesquisas que mostram que 80% dos consumidores escolhem com quais empresas vão fazer negócios com base na reputação delas em relação à segurança das informações. E basta uma decisão errada, focada somente em resultados e não no propósito de beneficiar os clientes, para que a reputação da empresa seja seriamente comprometida.
Na minha visão, a reputação de uma empresa é impactada diretamente pelo seu propósito. Se a empresa se interessa genuinamente pelos seus clientes e procura conectar-se a eles, esse público saberá que a companhia sempre tomará as decisões certas para protegê-los.
Espero realmente que todas as empresas foquem na sua reputação, protejam os dados dos clientes e garantam o melhor uso possível de tecnologia. De qualquer forma, apertemos os cintos, porque a transformação causada terá um impacto enorme em todas as pessoas, indústrias e profissões.
Leandro Balbinot é CIO do Whole Foods e board member da Peers Consulting
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